Antepasto
de maxixe com rapadura
Fatos e amarguras que
antecedem o Carnatal, fatos e eventos que funcionam como testes de verificação
de grandes populações circulando pelas ruas e se aglomerando nas proximidades
do estádio. Evento de abrangência local, que talvez atraia foliões de cidades
mais próximas e até estados vizinhos. O mundo vem ficando cada vez mais perto, a
distância não é mais impedimento para ir ou chegar a algum lugar.
A ex prefeita desabafa
dizendo ter chegado aonde chegou por não ter atendido os interesses dos
poderosos. Resta saber quem são os poderosos temidos agora por ela, e até que
ponto eles podem afetar a vida e a população mais distante destas proximidades físicas
e políticas.
A Copa do Mundo está prestes
e atrairá públicos de diversas partes do mundo, todas as mídias estarão focadas
no Brasil. O mundo todo olhando para o Brasil, satélites já circulam sobre as
nossas cabeças a um bom tempo, quando não, são do tipo geoestacionário, colhendo
e levando informações de um lado e levando ao outro lado do mundo.
Um avião americano de
pesquisa sobrevou a região sob o pretexto de um treinamento global. Tropas do exercito
brasileiro vinculadas a ONU com missões de paz fizeram exercícios de
treinamento em Natal. Uma novela vem sendo preparada para mostrar ao Brasil e
ao mundo, a região.
Americanos e americanismos
já fazem parte do dia a dia natalense, desde a Segunda Guerra Mundial. No
passado, franceses inauguraram uma ligação aérea postal da Europa com o
continente sulamericano, pousando aqui na ‘esquina’ do continente. Italianos deram de presente a Coluna
Capitolina. Saint Exupery pode ter conhecido os baobás por aqui. Ex-governadores
com nomes de números em língua francesa. Na guerra educacional da Batalha na
Avenida Roberto Freire se reencontram americanos, portugueses e holandeses,
além de potiguares de diversas procedências e descendências.
E a Cidade do Natal, durante
a Copa do Mundo, também ocupará uma parcela destes espaços nas mídias
jornalísticas e turísticas. As TICs, Tecnologias da Informação e da Comunicação
como ferramentas poderosas do mundo globalizado e unificado, irão informar e
comunicar o que bem entendem e somente o que lhes provém e a quem lhes
interessa.
Do milho as elites ficaram
com os Corn Flakes, enquanto os pobres dividiram o restante do milho para fazer
ração para animais e fazer o angu, a polenta e o cuscus do dia a dia. Da cana,
as elites ficaram com o açúcar refinado e os combustíveis, enquanto os pobres
com a rapadura e a cachaça.
Enquanto os acepipes como
ginga e jiló não são dominação das elites, tal como aconteceu com o fondue, o
squash, a capoeira e a feijoada, a massa do povo vai degustando como aperitivo
antes das refeições, acompanhado uma cervejinha gelada ou uma pinga das boas e
nas praias que ainda são de acesso e domínio público.
Esperando o almoço, e enquanto
os americanos não retornam para um novo for
all. Vai-se levando a vida com um jiló na conserva e tomando cerveja em
copo de geleia. Comendo gingas com tapioca, dançando maxixe com ginga de
sambista e forrozeiro. E roendo um taco de rapadura que é doce, mas não é mole.
Porque quando os estrangeiros
chegarem vão querer crepe de tapioca com raclete de queijo manteiga e queijo coalho
com carpaccio de carne de sol. Fondue de queijos nordestinos com manteiga de
garrafa, para imergir, camarões e lagostas, pedaços de macaxeira, cará e inhame.
04/12/12
Roberto Cardoso
Cientista Social
Membro Efetivo do IHGRN
Nenhum comentário:
Postar um comentário