A
história com diagnóstico e prognostico
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A história clínica do
paquiderme norte-rio-grandense foi descrita e analisada por médicos. O
paquiderme foi investigado de Natal/RN a Mossoró/RN, com uma passagem pelo
Seridó. Foi vasculhado da tromba até o rabo, passando pelas patas ajuntadas,
com duas cruzadas em Cruzeta/RN e duas emparelhadas em Parelhas/RN. Em seu
dorso, talvez a origem da causa, de tantas dores nas costas, onde está escrito
Macau/RN, coisas de origem chinesa. Quem sabe uma acupuntura resolva. Antes de
todos os sintomas serem manifestados, haviam índios com flechas, espetando seu
corpo.
Os Novos escribas, com suas
editoras e caligrafias, cercaram-se de uma junta médica. No estilo das
primeiras aulas de anatomia, participaram de uma mesa, com um público sentado, em
forma de arena ao redor, acompanhando as dissecações do corpo sobre a mesa. E
as dissecações foram feitas em histórias e livros, escritos e narradas por
médicos, prescrevendo suas ideias. Médicos que abandonaram jaleco e
consultório, para fazer foco nas linhas e letras. Trocaram o bloco de receituário
por inúmeras laudas. Fizeram ausculta e investigação dos históricos familiares
e hábitos de conduta. E como todos os médicos depois de escutar os pacientes,
indicam uma MDH, uma mudança de hábitos. O remédio está na literatura e nos
livros, confeccionados com troncos e caules de ervas diversas. E pedem um
retorno depois de alguns dias, para fazer uma revisão. A história individual de
cada paciente, e a história de uma cidade, nunca termina, está sempre em
evolução.
Com estetoscópio e aparelho de
pressão, a população logo reconhece um médico, que também fazem outras
investigações. Investigando além do corpo humano, pode investigar a cidade. E
com esteto e esfig, de um modo mais investigativo e mais apurado investigaram e
analisaram a sociedade, que está a sua volta. Uma sociedade formada ao longo da
história com momentos de indisposição física e depressão. Vírus de outros
pontos do planeta desembarcaram nos portos, correndo nas veias e no ar da
respiração. Muitos ratos vieram no porão, e desembarcaram pelas cordas da
embarcação.
A investigação foi profunda. Desde
as conversas nas esquinas aos arquivos de institutos históricos. Conversas de varandas,
arquivos e alpendres. Conhecimentos de eiras e beiras. O que não está na fala
do povo, está em arquivos. Investigaram desde o período de gestação, infestada
de matas e índios, aos problemas atuais, de ouvido nariz e garganta. Com
direito a anestesia de gestante e anamnese.
Fizeram uma análise sistêmica,
ouviram queixas, identificaram sinais e sintomas. Fizeram uma análise sempre por
no mínimo dois ângulos, e talvez 33; aqui e ali, lá e cá, portugueses e
holandeses, governo e povo; vencidos e vencedores. Interpretados e
interpretadores. Analises externas e internas, as análises daqueles que vivem
em um território e daqueles que controlam os territórios, a visão dos
descobertos e dos descobridores. Com um ambu na mão investigaram a história,
prevendo intercorrências, de cenas hipertensas e povos hipotensos.
Na plateia um grupo
multidisciplinar com diversas especialidades, do ouvinte ao plantonista do
ambiente médico e cirúrgico. A junta acadêmica estava formada. Na plateia
farmacêuticos, fisioterapeutas, acadêmicos e controladores pecuniários. O
apresentador, chefe da casa cirúrgica, ofereceu a sala e estabeleceu-se como
ouvinte, para entender seus sintomas.
Na cidade de Natal foi feita
uma profunda anamnese, desde os seus tempos gestacional com vírus europeus de
influências diversas. Também vieram as bactérias virulentas. Espanhóis chegaram
com suas gripes, holandeses com suas limitações na visão. Portugueses com
laringites e faringites, de tamancos e chinelos. Suas mentes chegaram
infestadas de Descartes e Maquiavel.
E um par de médicos
otorrinolaringologistas, pai e filho, chegaram para interpretar os arquivos,
pensava-se ser um neto ou um filho, mas era um livro. O pai, além de medico é
exímio canhoneiro; para evitar novas invasões mantem um canhão armado na praia,
mirado para a linha do horizonte.
Receitas medicamentosas foram
apresentadas, bem como, também, receitas de carne de gente, assada ou moqueada.
Como atrair e capturar a caça. Como preparar o fogo no meio da mata, como
escolher os galhos para fazer grades e forquilhas, como dividir por partes. Receitas
históricas de como assar homem branco, escolhendo as melhores partes para serem
apreciadas. Como por exemplo a parte conhecida como tabaqueira, na anatomia
humana, uma carne saborosa e macia. Os índios eram bons em anatomia, no estilo marchante[1] ou açougueiro. No estilo
cozinheiro assavam e consumiam as fisiologias. E no estilo psíquico adquiriam
os comportamentos de suas presas e vítimas.
Em 19/02/2016
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN
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A história com diagnóstico e prognostico
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Em 19/02/2016
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN
[1]
Profissional responsável pelo abate de animais e o corte das partes, termo
utilizado no interior do RN.